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Uma raça moderna e forte

Por Henrique Figueira

O Indubrasil é um zebuíno formado inicialmente a partir do cruzamento de três raças: Nelore, Gir e Guzerá. Esse cruzamento resultou em um gado de orelhas mais longas, estrutura óssea forte e grande porte. A raça foi a mais valorizada e importante do Brasil durante um longo período, porém, erros nos critérios de seleção levaram a raça a uma diminuição vertiginosa no Brasil, enquanto em países como o México, a raça tomava outros rumos, selecionada de forma correta. Essa redução drástica da raça no Brasil foi, na verdade, um benefício para que os rumos fossem mudados e o gado trabalhado com o foco correto.

Os persistentes e determinados criadores que mantiveram seus planteis, como no semiárido nordestino, onde se concentraram grande parte dos planteis remanescentes, tiveram como primeira ferramenta de seleção a sobrevivência dos animais aos longos períodos de seca, que chegam a durar anos e deixam o acesso a comida e água extremamente escassos. O mais interessante é que não bastava sobreviver sob essas condições, era preciso produzir e reproduzir. Os touros precisavam cobrir as matrizes expostos a um calor intenso, precisam caminhar e acompanhar o rebanho nessas condições adversas. A matriz, por sua vez, precisa parir e alimentar suas crias e ainda assim se manter saudável, ou seja, era primordial ser eficiente.

Nesse processo, os animais com orelhas excessivamente grandes, machos com umbigos e prepúcios pendulosos, fêmeas com úberes e tetas muito grossas e longas, animais tardios e moles foram morrendo ou sendo eliminados dos planteis que buscavam produtividade. Foi então que a raça mostrou suas qualidades e vocação. Sobreviveu e foi selecionado um Indubrasil moderno, com carcaça nobre e de excelente acabamento, fêmeas férteis com ótima produção leiteira e habilidade materna.

Outro fator admirável é a adaptabilidade da raça, os excelentes planteis do Sudeste e Centro-oeste do Brasil também avançaram na seleção do gado, muitos deles trabalhando linhagens leiteiras e com foco em melhoramento de úbere e fertilidade, explorando ao máximo a dupla aptidão da raça. O Indubrasil começou a se espalhar novamente pelo país como uma raça desejável e lucrativa e hoje encontramos planteis de extrema qualidade do Rio Grande do Sul ao Pará. Tourinhos são vendidos para estados como Rondônia, Mato Grosso, Acre, Maranhão e lá são muito procurados e valorizados.

A vantagem de usar tourinhos Indubrasil está exatamente na dupla capacidade de produção da raça. Hoje vemos na maioria esmagadora dos rebanhos de leite do Brasil, os pequenos e médios criadores utilizando touros de raças de corte na vacada para conseguir uma renda extra com a venda dos bezerros. O Indubrasil consegue trazer essa vantagem com o adicional de que, além de um bezerro macho pesado e com bom desenvolvimento, as bezerras futuramente poderão ser aproveitadas no próprio rebanho para a produção de leite. Nos grandes rebanhos de corte, além da heterose buscada nos cruzamentos, o produto fruto do cruzamento com o Indubrasil mantém a qualidade buscada de peso e precocidade agregando habilidade materna nas fêmeas que se tornam excelentes mães e desmamam bezerros pesados, precoces e com boa carcaça.

A evolução da raça fica evidente nos grandes campeões da ExpoZebu dos últimos anos. Animais modernos e corrigidos com extrema longevidade e carcaça de extrema qualidade, com bons úberes nas fêmeas e produção de leite interessante. Não há duvidas que esse zebuíno criado e melhorado por brasileiros ainda tem muito a oferecer e crescer no país. Para maiores informações sobre a raça os interessados podem procurar a Associação Brasileira dos Criadores de Indubrasil (ABCI) ou acessar o site indubrasil.org.br.

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